Este
curioso instrumento, um pouco fantasioso até, era
na verdade um pequeno órgão portátil, integrado
numa espécie de estante, com a forma de uma
grande bíblia, dentro da qual estava o regal
propriamente dito. O teclado tinha a extensão que
oscilava pelas duas oitavas, e destinava-se
fundamentalmente ao acompanhamento do canto
litúrgico.
Este
singular instrumento esteve muito presente em
Inglaterra, Itália e sobretudo na Alemanha, nos
séculos XVI e XVII. Pelas suas dimensões, este
curioso modelo de regal, podia ser facilmente
transportado de uma igreja para outra, nas quais
acompanhava a liturgia, como já referi, devido ao
seu som de Chamarela, instrumento muito apreciado
desde o Renascimento, nas cerimónias luteranas e
nas liturgias ocidentais em geral. Até então, as
Cherimias acompanhavam o canto eclesiástico,
fazendo conjunto com os trombones.
É
certo que os órgãos, de qualquer modelo,
suplantaram definitivamente, ao longo do século
XVIII, todos os outros grupos instrumentais. Os
cortesãos mais devotos das cortes da Europa
Central, tinham por costume possuir um instrumento
com estas características, apesar de ter sido
sempre e, principalmente, património
eclesiástico. Claudio Monteverdi recorreu a um
órgão do tipo Regal, para acompanhar o canto de
Caronte e as personagens do mundo subterrâneo em
geral, no acto III da ópera Orfeu, esteada
em 1607.
No
século XVIII, entrou em desuso e o seu nome
passou a designar unicamente um registo do
órgão, mais próximo da voz humana, mantendo
sempre o característico som de lingueta.
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